A relação entre Compliance e heteronomia pode ser compreendida à luz das ideias kantianas, que distinguem entre a autonomia e a heteronomia (Saiba mais) da vontade.
Immanuel Kant define a autonomia como a capacidade de agir segundo uma lei que a própria razão impõe, enquanto a heteronomia se refere à submissão a normas externas, que não emanam da razão do indivíduo, mas de influências externas, como normas e convenções sociais.
No contexto do compliance, que se refere à conformidade com normas e regulamentos, a heteronomia se manifesta quando indivíduos ou organizações seguem regras não por um entendimento racional de sua validade, mas por pressão externa ou medo de avaliações.
Essa conformidade pode ser vista como uma forma de ação heterônoma, onde a vontade do agente não é verdadeiramente livre, pois está condicionada por fatores externos.
Kant argumenta que a verdadeira moralidade surge da autonomia, onde a ação é guiada pelo imperativo categórico (Saiba mais), que exige que as máximas das ações possam ser universalizadas. Quando as ações são motivadas por um imperativo hipotético, ou seja, por interesses pessoais ou pela conformidade a normas externas, elas não são moralmente válidas.
Assim, o compliance, quando realizado apenas por obrigação ou medo de deliberações, reflete uma moralidade heterônoma, que não se alinha com a ética kantiana.
A moralidade, segundo Kant, deve ser baseada na razão e na capacidade do indivíduo de legislar para si mesmo, em vez de ser imposta de fora. Portanto, um sistema de compliance que não promove uma compreensão interna das normas e que não incentiva a reflexão crítica sobre a moralidade das ações pode ser considerado um exemplo de heteronomia.
Em suma, a análise kantiana da moralidade sugere que o cumprimento, quando não fundamentado na autonomia da vontade, resulta em ações que carecem de verdadeira liberdade e responsabilidade moral, caracterizando-se como uma forma de heteronomia.
A verdadeira ética, segundo Kant, exige que os indivíduos não apenas cumpram as normas externas, mas se alinham com a lei moral que eles mesmos regulam e aceitam racionalmente.
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